quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

“O HI5 ESTÁ A PÔR EM RISCO O NEGÓCIO MILENAR DAS CASAS DE ALTERNE.”

(este não foi eu que excrevi, foi cedido pela minha amiga Soraia, mas está groovee!)

“Quem não sabe o que é o Hi5? O mítico site para convívio social tornou-se quase a religião das camadas mais jovens. Afinal de contas é um magnífico “sítio” para se fazerem “amigos” que provavelmente nunca veremos na vida!

O conceito é até relativamente simples: cria-se uma página de perfil, na qual pomos informações acerca de nós (idade, sexo, estado civil, altura, peso, gostos, etc. sejam elas verdadeiras ou não), colocamos umas quantas fotos nossas e estamos prontos para fazer “amigos”! A partir desse momento, os milhões de membros desta comunidade poderão ver os nossos formosos focinhos e se nos acharem piada adicionam-nos como “amigos”. Assim se cria e começa um jogo onde quem tiver mais “amigos” é mais popular. Eis a essência de tal clube – uma luta (virtual) pela popularidade, um escape para a crueldade do Mundo real. I) O profile:
Eis a nossa própria página, onde poderemos ser quem quisermos! E vejam só – podemos inventar tudo sobre nós, até o nome ou o sexo (o que é, sem dúvida, uma boa opção no caso do nosso nome ser Asdrúbal Coito Raimirando)! Assim sendo, a tua mais recente “amiga” chamada “Rakel_Loukinha_69” de Setúbal pode na verdade ser um “Paneleiro_Que_Te_Vai_Perseguir_E_Dilacerar_O_Anus_147” que mora a dois quarteirões de ti e a tua “SexyGirl_18aninhos” pode até ser muito gira mas pesar mais 150 Kg do que pensavas. Fabuloso!

É deveras arrepiante observar os nicknames que andam por aí no mundo das pitas e dos grunhos/mitras. Temos a “AkEwA MuNiNaH Ki Ti AdoWa MuItuHhHhh” (não, o meu Caps Lock não avariou, isto é mesmo assim), o “Puto do Guetto – Props ao gang du bairruh!”, o “Emo_trixtinhuh_tenham_pena_de_mim”, a “PunkLady_Allstars”, e o mítico “Tesudo_19cm_mostra_vergalho_na_webcam”.

É também de extrema importância que no nosso profile inclua um pequeno texto sobre nós, no qual nos descrevemos como pessoas e é ao ler estas “descrições”, escritas pelos utilizadores do Hi5, que nos apercebemos de como o mundo em que vivemos é belo – todas as pessoas de lá são “simpáticas, divertidas, brincalhonas, interessantes, amigas, felizes, solidárias”! O maior defeito que podemos encontrar numa descrição de um profile é, regra geral, “um pouco teimoso” ou “ás vezes um bocadinho preguiçoso”. Nada de pessoas cínicas, hipócritas, sanguinárias, cruéis, violentas, ignorantes, mal encaradas, rezingonas, merdosas ou qualquer outro adjectivo que faça parecer que não vivemos numa utopia.

Depois de colocarmos os nossos dados pessoais e a nossa descrição, deveremos colocar uma foto. A foto deverá mostrar os nossos maiores atributos (seja um par de mamas tamanho D, uns peitorais à ginásio, um grande traseiro, etc.). É também de extrema importância acrescentar “textos” (do mais ridículo que possa haver) às nossas fotografias tais como “Eu Lolololol”, “Simplesmente Eu lololol no comments XDXDXD” ou “Eu no WC a cagar aquilo tudo ”). Depois disso, rezem para que o vosso focinho e corpo sejam engraçados o suficiente para que consigam fazer “amigos”.


II) Os principais tipos de utilizador:

Vamos então dividir os diferentes tipos de utilizadores do hi5. Passo por isso a analisar o seguinte texto, comprovado como verídico segundo um estudo do conceituado DCRB (Departamento Científico da República das Bananas), do qual eu próprio, por mero acaso, sou presidente, fundador, funcionário e empregado de limpeza:

Ora, em primeiro lugar temos as pitas, com os seus Hi5 irritantemente coloridos, cheios de mariquices brilhantes, músicas e vídeoclips “da moda”, fotos dignas de uma revista Gina e comentários hipócritas das suas “amigas” tais como “eX mt KidAh e FofInhAh dU tiPoh Di AmiGax Ki adOruhhh TeR lolololol XD XD XD DepOiX PaXa nUh MEU ProFile = ))) ExA BlUsAh fiCa tih meXmU Bemm!!!!! BeiJinHux FofUx, PoRta Ti MaL” (o que, tendo em conta que calinadas na ortografia hoje em dia são motivo de orgulho, traduzindo, significa: “Pronto já comentei essa tua foto em que a mini-saia mal te tapa as nádegas, grande porca oferecida, agora vai ao meu perfil porque pus uma foto nova do meu maior decote. Morre vaca, és uma falsa e essa blusa fica-te mesmo mal, otária gorda de merda!”).
As pitas, regra geral, põem fotos que as favoreçam e façam parecer mais velhas para atrair “gajos bons” (traduzo novamente: gajos com aparência de D’ZRT, carro, popularidade, e Q.I. igual ao do pneu do carro).

Em segundo lugar, temos as aberrações do sexo masculino. Ora estes fazem o simétrico às pitas. Colocam fotos nas quais exibem os seus atributos mais importantes (uma foto tirada pelo próprio aos seus peitorais, em frente ao espelho com o texto “Ai, tiraram me esta foto quando estava distraído, LOLOLOL!! Hihihihi! ”) com o motivo de conseguirem arranjar “amigas” e, consequentemente, uma garota para levarem para a cama. Os grunhos tendem a ter o seu profile cheio de erros ortográficos dignos de um rapazola de cinco anos que entrou na primeira classe sem metade do cérebro (“cítio do custume”, “sinplesmente eu”, “eu num carro de vonbeiros”).

Os Mitras/Basofes/Gunas tendem com ainda mais intensidade a por fotos suas em roupas “à hip-hop”, com uma qualquer arma numa mão e com um qualquer espasmo na outra mão que lhe coloca os dedos em posições que desafiam as leis da anatomia.

Temos de seguida a quase metade de utilizadores que visita os profiles das que em primeiro aparecem na legenda (as pitas, caso sejam demasiado preguiçosos para ir ver novamente o gráfico), deixando-lhes comentários do géNero* “Mostro o meu pau na webcam, adiciona-me.”, “Ai és muito fofa… Quero te comer LOLOLOL!” ou “Ai que fofinha que estás nessa foto, apesar de teres só catorze anos! Adiciona-me para nos conhecermos melhor! =)” (o que, na verdade, quer dizer: “És podre de boa, talvez eu te possa dar-te uma às escondidas já que não arranjo onde os despejar.”). Seguem-se as piadas, nas quais se incluem profiles falsos de famosos (que estão sempre recheados de “amigos”, uma técnica muito útil para se ser popular é ter-se o nickname “Diana Chaves”), os profiles falsos feitos por “amigos” para humilhar alguém, os profiles cuja única foto é uma imagem a dizer “Não tenho foto mas juro que sou bonito pa caralho!” e todas as outras montanhas de páginas que conseguem fazer menos figuras tristes do que as que acima referi.


III) O funcionamento:

Agora que já têm um belo de um profile e um mui rico grupo de “amigos”, começa a rotina – aceitar amigo, rejeitar amigo; pedir para ser amigo; ler comentários; postar mais uma foto; visitar profiles de amigos e comentá-los; deixar um comentário “fofo” àquela gaja boa que vos aceitou no outro dia na esperança que ela vos coma; etc.; etc.; etc….

Na sua essência, o Hi5 funciona como um sistema auto-sustentável: as pitas são pescadas pelos grunhos, mitras basofes, gunas, etc. para posteriormente serem comidas. Depois de serem comidas, voltam ao seu estado de espera até serem comidas por mais alguém.

Os “(desespera/tara)dos" sexuais comem, basicamente, tudo o que lhes apareça à frente, incluindo os grunhos, mitras, etc.. Portanto, temos uma espécie de teia alimentar em cuja base se encontram os vegetais (neste caso as pitas que, por ironia do destino, possuem a mesma capacidade cerebral que os vegetais), que por sua vez são comidas pelas diversas espécies (de gunas, mitras, grunhos, basofes, etc.). No meio desta selva, há um super-predador, que devora tudo o que lhe aparece à frente (os tarados).


IV) Peroração (Conclusão):

O Mundo está cada vez mais mudado, cada vez mais estranho. Os estereótipos, as etiquetas, são cada vez mais comuns e seguidas, as novas religiões podem ser seguidas nas TV’s ou nos PC’s.

Os média são Deus e as televisões, a Internet, as revistas, jornais e panfletos são os seus sacerdotes. Neste jogo de popularidade está espelhado um mundo quase ideal e é esse o motivo do seu sucesso. Torna-se, sem dúvida, muito mais fácil ser-se quem se quer ser mas não se consegue, usar máscaras, adquirir e seguir modelos e fazer um “amigo” ou uma “amiga” sem termos que ter uma conversa com ela, bastando para tal carregar num qualquer botão que diga “aceitar”.
Torna-se quase possível resolver todas as necessidades sociais do indivíduo. O vício, o prazer dos jovens de hoje é o seguir etiquetas, ser-se social para se ser popular, o centro das atenções, um ícone aos olhos dos outros à semelhança dos seus ídolos. Parece que o prazer e o modo como o podemos obter está cada vez mais simples, bastando para tal uma dúzia de clicks e… 'Reach out and touch friendship.'”

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Dr. Katela.O que me chamou a atenção sobre este texto foi o facto do mesmo ter sido escrito por alguém com cromossomas idênticos e perfeitos. Partilho de algumas opiniões; porém lanço a questão; não será o famoso hi5 um clonado simplista do sistema caoticamente interrelacionado a que chamamos sociedade? não será o "click" a minha expressão facial ou o tom da minha voz? Não fingiremos todos, quando pomos gel no cabelo; ou no caso das "bifas" quando usamos algum tipo de maquilhagem que nos camufla qual snippers prontos a dar o derradeiro tiro? É mais forte do que eu esta tendência para a dispersão; nunca te aconteceu encontrares uma mulher interessante e por momentos, após refreares as cavalariças genitais pensares: "eh pá; será que ela tem o tipo de pele ideal para não usar maquilhagem?". Com isto quero dizer, todos nós fingimos, todos nós criamos personagens no nosso aparvalhado teatro pessoal; qual crianças ou adolescentes que se acham o centro do mundo; todos nós somos autocêntricos, antropocentrados e mutilados de espírito e o que é o hi5 se não um cartoon daquilo que nos define como seres humanos, desenhado por várias mãos, dia após dia, num ritmo avassalador de inconsciência desta nossa estranha e curiosa realidade. Enquanto escrevo isto imagino um narrador britânico a descrever os nossos rituais de acasalamento e ascenção na matilha. Talvez o David Attemboroug, de cócoras e com um chapéu de explorador inglês do tempo do mapa cor de rosa. Camarada Katela a vida é um hi5 sem banda sonora nem realejos de cores; ou seja é um ritual de ascenção social; de dominação e submissão e de luta para se ser o macho e fêmea alfa, ou seja a corrente dominante genética e de acções, a corrente que dissipa a importância das outras variáveis, ou seja dos outros seres. A nossa sociedade, desde tempos imemoriais até à actualidade sempre se baseou nestas premissas, e nada é mais genuíno, ou mais verossímel do que esta macacada do hi5 e outras redes sociais, para nos mostrar quão ridículos somos, quão infantis nos tornámos e quão grandioso é o nº de crianças caprichosas que lá no fundo desejam a todo o custo ditadores. Ditadores do que queremos, do que ambicionamos, do que entendemos e do que partilhamos.
Logo pergunto: Para que criticar a qualidade de um retrato do Salazar, do Fulgêncio Baptista ou do Adolf Hitler? Faria muito mais sentido tecer considerações sobre eles, como seres humanos e sobre as suas acções...

Grande abraço de um dos autores da canção "menina mimada" que com certeza já terás identificado.

Fica bem camarada de Luta!